Programa do CILX2018

Ficha completa

TítuloA conservação do -d- intervocálico da 2ª pessoa do plural num apógrafo seiscentista da vida de S. Senhorinha
AutoríaMarta Cruz (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
ResumoA tradição manuscrita da Vida e Milagres de Santa Senhorinha de Basto em português é composta por quatro testemunhos descendentes de uma legenda primitiva datável do século XIII. O testemunho mais antigo pertence ao códice C-793 do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta (Guimarães), uma compilação copiada por Pedro de Mesquita entre 1620 e 1645.

A análise dos estratos linguísticos deste testemunho permite identificar vestígios do português duocentista que corroboram a proposta de datação da legenda original, mas também mostra como Mesquita modernizou a maioria dos traços distintivos do português antigo. Contudo, uma análise deste cariz pode levantar alguns problemas de interpretação de dados que merecem cuidada atenção. Nesta apresentação discutir-se-á um desses problemas, analisando a frequência de formas verbais da 2ª pessoa do plural com –d- intervocálico - única característica do português duocentista que este apógrafo conserva totalmente. Assim, dado que este –d- intervocálico pode ter sobrevivido até mais tarde no português do Norte de Portugal, terá Mesquita conservado estas formas porque ainda as empregava, ou porque respeitou meticulosamente a língua do seu modelo? Para tentar responder a esta questão propõe-se examinar a expressão desta característica noutros textos desta compilação, se possível em textos hagiográficos com redacção anterior a 1501 e em textos preferencialmente datados de 1620-1645 (período em que Mesquita compôs a compilação).

Em suma, analisando a expressão do –d- intervocálico em diferentes textos de C-793, pretende-se tentar saber se Mesquita adoptou a mesma postura quanto à conservação/modernização da língua dos textos que copiou nesta compilação. Só esse confronto pode autorizar a utilização desta característica na delimitação dos estratos linguísticos do apógrafo seiscentista da Vida de S. Senhorinha ou, pelo contrário, demonstrar como nem todos os traços linguísticos de uma cópia podem ser seguramente atribuídos à língua em que o texto foi redigido ou à língua do copista.
TipoComunicación
HorarioMércores 13 de xuño | 13:00 - 13:30 | Aula: C6