Ficha completa
Título | Descrevendo maravilhas: o verbo maravilhar-se, do Português Antigo ao Português Contemporâneo |
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Autoría | Sandra Pereira (Centro Linguística / Faculdade de Letras Universidade de Lisboa) João Paulo Silvestre (King's College London) |
Resumo | Este trabalho pretende contribuir para o conhecimento do verbo maravilhar(-se) ao longo da história do português e, simultaneamente, para o desenvolvimento da lexicografia portuguesa monolingue em formato digital. A partir das primeiras atestações do verbo, é nosso objetivo propor uma entrada lexical completa deste verbo tendo em conta os diferentes significados e os distintos contextos sintáticos em que se encontra atestado. O modelo a definir deverá ser usado para a descrição de outros verbos na diacronia do português. Começaremos por nos centrar nas ocorrências em Português Antigo (PA): alguns exemplos, como em (1), mostram que o verbo poderia ser sinónimo de “espantar, ter medo, preocupar-se”, podendo ter uma conotação negativa que atualmente não possui: (1)E começou muito a cuidar e maravilhar-se de que nom sabia nenh?as novas de Josefes nem de Nasciam, nem de sua companha. (José_de_Arimateia, séc.XIII) Também os contextos sintáticos em que poderia ocorrer eram mais abrangentes, uma vez que maravilhar(-se) tinha o comportamento de um verbo transitivo, podendo selecionar como complemento uma oração interrogativa indireta, como em (2) ou um complemento oblíquo, introduzido pela preposição de, como em (3): (2)E el rei dom Affomso, quando vyo as cartas, maravilhou-sse que podya aquello seer, pero mãdou-lhe dizer que v?iria hy. (Crónica_Geral_de_Espanha, séc. XIV) (3)…e marauilharõ-se ende mujto desto que aueo e nom ouue hi tal que podesse fallar por h?a gram peça, (Demanda_do_Santo_Graal, séc.XIII) Tendo em conta as ferramentas lexicográficas disponíveis para este período (CLP , DVPM e DDGM) e partindo destas observações, será proposta uma entrada lexical que cubra todos os períodos do português, recorrendo, na esteira da lexicografia moderna (cf. Rundell/Akins 2008), a exemplos de vários corpora diacrónicos disponíveis (WOCHWEL, Tycho Brahe Corpus, Post Scriptum), e também de um corpus dialetal (CORDIAL-SIN ). Após fazer referência a outros modelos de descrição lexicográfica (e.g. Villalva et al 2015), a nossa proposta parte do modelo usado no Glossário dos Dialetos Portugueses, com informação sintática (Pereira 2012), a informação lexicográfica será apoiada na informação sintática (fornecida explicitamente – através de códigos – ou implicitamente – através de exemplos). |
Tipo | Comunicación |
Horario | Mércores 13 de xuño | 17:30 - 18:00 | Aula: C1 |