Programa do CILX2018

Ficha completa

TítuloDescrevendo maravilhas: o verbo maravilhar-se, do Português Antigo ao Português Contemporâneo
AutoríaSandra Pereira (Centro Linguística / Faculdade de Letras Universidade de Lisboa)
João Paulo Silvestre (King's College London)
ResumoEste trabalho pretende contribuir para o conhecimento do verbo maravilhar(-se) ao longo da história do português e, simultaneamente, para o desenvolvimento da lexicografia portuguesa monolingue em formato digital. A partir das primeiras atestações do verbo, é nosso objetivo propor uma entrada lexical completa deste verbo tendo em conta os diferentes significados e os distintos contextos sintáticos em que se encontra atestado. O modelo a definir deverá ser usado para a descrição de outros verbos na diacronia do português.

Começaremos por nos centrar nas ocorrências em Português Antigo (PA): alguns exemplos, como em (1), mostram que o verbo poderia ser sinónimo de “espantar, ter medo, preocupar-se”, podendo ter uma conotação negativa que atualmente não possui:

(1)E começou muito a cuidar e maravilhar-se de que nom sabia nenh?as novas de Josefes nem de Nasciam, nem de sua companha. (José_de_Arimateia, séc.XIII)

Também os contextos sintáticos em que poderia ocorrer eram mais abrangentes, uma vez que maravilhar(-se) tinha o comportamento de um verbo transitivo, podendo selecionar como complemento uma oração interrogativa indireta, como em (2) ou um complemento oblíquo, introduzido pela preposição de, como em (3):

(2)E el rei dom Affomso, quando vyo as cartas, maravilhou-sse que podya aquello seer, pero mãdou-lhe dizer que v?iria hy. (Crónica_Geral_de_Espanha, séc. XIV)

(3)…e marauilharõ-se ende mujto desto que aueo e nom ouue hi tal que podesse fallar por h?a gram peça, (Demanda_do_Santo_Graal, séc.XIII)

Tendo em conta as ferramentas lexicográficas disponíveis para este período (CLP , DVPM e DDGM) e partindo destas observações, será proposta uma entrada lexical que cubra todos os períodos do português, recorrendo, na esteira da lexicografia moderna (cf. Rundell/Akins 2008), a exemplos de vários corpora diacrónicos disponíveis (WOCHWEL, Tycho Brahe Corpus, Post Scriptum), e também de um corpus dialetal (CORDIAL-SIN ). Após fazer referência a outros modelos de descrição lexicográfica (e.g. Villalva et al 2015), a nossa proposta parte do modelo usado no Glossário dos Dialetos Portugueses, com informação sintática (Pereira 2012), a informação lexicográfica será apoiada na informação sintática (fornecida explicitamente – através de códigos – ou implicitamente – através de exemplos).
TipoComunicación
HorarioMércores 13 de xuño | 17:30 - 18:00 | Aula: C1