Programa do CILX2018

Ficha completa

TítuloNeofalantes digitais
AutoríaPaulo Padin Alvarez (UOC)
ResumoO objetivo desta investigação é descobrir se as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) oferecem às pessoas neofalantes de galego um cenário propício para se apresentarem como falantes dessa língua e para experimentarem linguística e identitariamente como falantes de galego. Com esse propósito estudamos as ideias e práticas linguísticas de um grupo de neofalantes de galego que participam em uma comunidade virtual de adeptos do Celta de Vigo, principal clube de futebol da cidade galega mais populosa. Mais especificamente, queremos conhecer se nalguns casos existe uma prática online e offline linguisticamente assimétrica, quer dizer, se estaríamos perante falantes monolingues em castelhano ou que empregam maiormente essa língua na comunicação cara a cara mas que utilizam o ciberespaço como lugar para praticarem, aprenderem, experimentarem ou se apresentarem socialmente como galegofalantes. 

Por neofalante entendemos uma pessoa que teve o castelhano como primeira língua e que adquiriu essa língua no meio familiar mas que posteriormente aprendeu galego começando a falar, em exclusividade ou nalguns dos âmbitos sociais da sua vida, nessa segunda língua aprendida. 

Os resultados obtidos nesta investigação são baseados em dezassete entrevistas em profundidade ou semi-estruturadas. Doze das pessoas entrevistadas eram neofalantes e cinco falantes tradicionais ou paleofalantes. O caráter relativo das categorias “neofalante” e “paleofalante” fez que afinal algumas pessoas paleofalantes foram aceites como participantes contribuindo para fazer a análise mais rica e complexa. 

A análise das entrevistas às doze pessoas neofalantes sugere que estas pessoas usam notavelmente mais a língua galega online que offline. Quatro dessas pessoas eram monolingues em galego em todos os âmbitos da sua vida enquanto sete eram bilingues offline. Dessas sete pessoas bilingues offline seis eram monolingues em galego na comunidade virtual que estudávamos e a última era praticamente monolingue em castelhano offline mas era bilingue nessa comunidade online, quer dizer, que só usava o galego na internet. Podemos concluir, então, que estas pessoas têm uma “identidade digital” mais galegofalante que a sua “identidade offline” e que para as pessoas que mudaram recentemente do castelhano para o galego ou que se decidiram recentemente a introduzir o galego em mais âmbitos da sua vida, a internet tem jogado um rol importante. Encontramos também que várias das pessoas entrevistadas decidiram usar de preferência o galego em todas ou nalgumas áreas de sua vida depois de tê-lo praticado online. Ao mesmo tempo, os nossos dados parecem indicar o surgimento de um novo tipo de neofalante recente, o “neofalante digital”, que só usa o galego para as suas comunicações online. 

Para além do caso galego, os resultados desta pesquisa poderiam ser suscetíveis de se estenderem para outras línguas menorizadas onde também se tem quebrado a transmissão familiar da língua e onde as pessoas neofalantes surgiram como grupo social.
TipoPanel: Neohablantes de lenguas de la península ibérica
HorarioVenres 15 de xuño | 09:00 - 11:00 | Aula: B3